segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Plano de Viagem!

No post anterior, falei bastante a respeito das motivações que levam alguém a viajar, aquelas mais profundas e ligadas às suas crenças e filosofias de vida. Neste, quero compartilhar um pouco sobre meu plano de viagem - afinal, todos perguntam "tá, mas você vai pra Ásia... por que não a Europa? Fazer o que lá?". O porquê da Ásia é na verdade bem simples:

a) eu queria uma experiência em um local com uma cultura bem diferente da minha própria, onde poderei desafiar minha visão de mundo;

b) é uma região muito rica de ser explorada numa aventura sozinho, e com experiências que não será fácil viver quando for mais velho, com família e compromissos... Europa? Meh, posso levar os pirralhos pra brincar lá depois...

c) É BARATO! A grana que vai me dar os 8 meses de viagem que estou planejando agora me daria talvez um mês de Europa!

d) Na fase de decidir pra onde ia, eu caí na besteira de ler o excelente blog de viagem do meu amigo João Paulo Biscaro, o Holiday in Cambodia. Sério, leia qualquer post aleatoriamente e tente não se apaixonar.

Quanto aos objetivos, na verdade, a aventura toda está dividida em duas partes bem distintas.

O Trabalho Voluntário:
Como alguns sabem, por três anos fiz parte da AIESEC, uma organização estudantil que tem no intercâmbio profissional uma de suas principais atividades. Em 2007, durante esse período, fui diretor de intercâmbios do escritório dessa organização na USP, e portanto participei diretamente da preparação, busca de oportunidades, alinhamento de expectativas e avaliação de dezenas de jovens que foram trabalhar em todos os continentes, e também da recepção e apoio a gringos vindo trabalhar no Brasil. Acho que a única sensação constante em todas as minhas atividades era aquele "como eu queria que fosse eu!". De fato, cheguei a me inscrever para um intercâmbio pela AIESEC ao final da faculdade, em 2010, e fui aprovado pra vagas interessantes, mas acabei abrindo mão desse sonho por ter sido aprovado no programa de trainees da Unilever. Com a decisão de deixar minha construção de carreira no Brasil em stand-by, esse plano voltou a fazer sentido.

Em suma, há dois tipos de intercâmbios profissionais pela AIESEC: o corporativo (GIP - Global Internship Programme), e o de impacto social (GCDP - Global Community Development Programme). No primeiro tipo, há desde oportunidades incríveis em grandes multinacionais (mandei gente para a Electrolux, Alcatel-Lucent, DHL, Coca-cola, Microsoft, etc.) nos mais diversos países, até vagas em micro e pequenas empresas - ou seja, tem oportunidade de aprendizado pra todos os gostos. No segundo tipo, há todos os tipos possíveis e imagináveis de trabalhos culturais, sociais e ambientais, geralmente em países subdesenvolvidos, para quem quer ter outro tipo de experiência.

Eu sempre achei que iria para um GIP, mas nesse momento um GCDP é o que realmente faz sentido pra mim. Decidi que essa viagem funcionará como uma espécie de ano sabático e que não queria experiências de trabalho "tradicionais" (nada de roupa social, escritórios ou ar-condicionado). Ao mesmo tempo, sempre foi muito importante para mim que meu trabalho tenha algum impacto positivo na sociedade (alguém aí falou "sustentabilidade"?). Por fim, apesar da ideia do mochilão ser irresistível, eu queria a experiência de ficar alguns meses parado em algum lugar, para realmente poder viver uma imersão cultural, criar relações e vínculos, fazer alguma coisa. Fazer um trabalho voluntário por alguns meses antes de sair peregrinando por aí me pareceu a opção ideal.

Vou então ficar os primeiros 3 meses em Calcutá, na Índia (sabe a cidade da Madre Teresa? Éééé....). Nesse período, eu e outros intercambistas da AIESEC trabalharemos em um projeto chamado Footprints, cujo objetivo é causar um impacto positivo para crianças e jovens carentes e suas famílias, com atividades educacionais e culturais. Estou pensando em umas coisas fantásticas para fazer lá, que serão tema de outro post... Aguardem!


O Vagabonding:
Existem 3 tipos de viajantes: os turistas, aquelas pessoas que vão em excursões, usam camisetas floridas, não se misturam muito com os locais, e curtem um belo banho de água quente e uma cama king size no hotel ao fim do dia; os mochileiros, viajantes independentes e destemidos, se hospedam em hostels, estão constantemente com pressa para cumprir cada detalhe de seus planos meticulosos de viagem e para ver e provar de tudo possível; e os vagabonders. Vagabonding é um estilo de viagem independente em que você tira um período da sua vida para "descobrir e explorar o mundo em seus próprios termos". Em geral, é um estilo de viagem mais relaxado, sem pressão de tempo nem grandes planejamentos. Gostou dessa cidadezinha no Vietnã? Fica mais uma semana! Um grupo de noruegueses do seu hostel vai escalar uma montanha? Vai junto! Descobriu que dá pra pegar uma balsa no Rio Mekong em vez do busão? Por que não?! Me parece a coisa mais próxima da suprema liberdade.

Assim sendo, depois dos meus três meses em Calcutá, começara o meu vagabonding pela Ásia. O plano agora é passar mais um mês viajando pela Índia, num loop que termina em Nova Delhi. Dali, trem e ônibus até Kathmandu, no Nepal, e em seguida vôo para Bangkok, Tailândia. Esta cidade é o hub de transportes aéreos da região, e será a "base" para os passeios de Mianmar e Camboja, e o sul da Tailândia será a porta de entrada para a Malásia, Cingapura e Indonesia. De Cingapura devo pegar um aéreo até Ho Chi Minh, no Vietnã, de onde devo subir por terra até o norte (com uma passadinha no Laos), em Ha Noi. Daí, entramos no reina da China. O visto chinês dura apenas 30 dias, e penso em entrar por terra no país, fazer todo o roteiro sul-sudeste, e chegar em Hong Kong. Os poucos dias em Hong Kong servirão para solicitar um novo visto de 30 dias (já que a cidade é autônoma e não funciona como parte da China), que me permitirá fazer o resto do roteiro. Devo terminar o trecho China em Beijing, de onde devo pegar um trem para Ulan Bator, capital da Mongólia. neste país pretendo conhecer o deserto de Gobi e os festivais dos povos nômades do deserto. A partir daí, tudo é ainda mais incerto. Faltando grana, pegarei o trajeto aéreo mais conveniente até Londres, de onde volto ao Brasil. Agora, HAVENDO grana, fecho co chave de ouro: trem para o norte, na Rússia, onde pego a célebre rodovia Transsiberiana, atravessando toda a imensa Rússia e caindo em Moscou, já nas portas da Europa. Quanto desse roteiro será efetivamente cumprido, só o impoderável saberá.

O que sei é que mal posso me conter de excitação para colocaro pé na estrada, e poucos sentimentos na vida são melhores.

P.S.: conhece algum dos lugares que estão na minha rota? Conhece alguém que já foi? Aceito indicações, dicas, sugestões e toda informação que for útil! Paga-se em cerveja! =D

7 comentários:

  1. Valeu Jorge pelo elogio!! Força aí no roteiro! Acho que está muito bom! Só senti falta da Indonésia!! Eu não perderia! :) abraçao!!

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    1. Valeu, grande JP! Obrigado a você por todo o apoio nesse projeto! A Indonésia está SUPER dentro do roteiro, eu cite aí no post, e tem muitos dias alocados pra ela no roteiro quebrado! heheheh =D

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    2. Foi mal!!! :S me escapou!!! haha
      :P

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  2. Ooooo Joaozinho!! que história é esse de conhecer o Jorge? rs
    Mundo é mto pequeno mesmo!!! =)
    Jorge, acho animal!! muito mesmo! Já está no meu feed!

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    1. Você conhece o JP daonde, Mari? Mundo minúsculo mesmo, tem umas 200 pessoas no máximo, o resto é figurante!

      Valeu, espero que continue gostando!

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  3. Jorge, tenho um amigo que está na India desde janeiro desse ano justamente pela Aisec, o Igor. Não tenho noção do tipo de intercâmbio que ele está fazendo, mas acho que até pelas duas afinidades (país e Aisec), seria legal vocês trocarem ideia. Se quiser, faço as apresentações virtuais.

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    1. uito legal, Ju! Eu quero o contato sim, todo mundo que eu conheço a mais me dá dicas novas ou recomendações de lugares interessantes, cada bocadinho conta! Muito obrigado!

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